GRAMATICAIS. Sim, “quaisquer” é o plural de “qualquer”. Quanto a isso, não se discute. O problema da construção que intitula este artigo, publicada em reportagem de um jornal de São Paulo, está na concordância. Vejamos:
A promoção é válida para quaisquer filme, dia e horário nos três cinemas de rua.
O redator, muito cuidadoso, deve ter pensado que, como o pronome indefinido se referia aos três substantivos subsequentes (filme, dia e horário), o certo seria fazer a flexão de número. Esqueceu-se, porém, de uma regra de concordância nominal, que diz respeito à posição do adjetivo referente a mais de um substantivo.
O adjetivo posto antes da sequência de substantivos concorda apenas com o mais próximo, ainda que se refira a todos. É por isso que dizemos, por exemplo, que fulano escolheu má hora e lugar para o encontro, jamais algo como “maus hora e lugar”, coisa que ninguém ouviu em lugar algum, certo?
Essa regra tem, sim, exceção, mas apenas no caso de se tratar de uma sequência de nomes próprios. Por exemplo: Os grandes Machado e Graciliano, cada qual em sua época, muito contribuíram para o aprimoramento da língua portuguesa.
Quanto ao excerto em questão, poderíamos separar “filme” de “dia e horário”, uma vez que estes últimos pertencem a um mesmo campo semântico, diverso do de “filme, e têm valor adverbial (donde deveriam estar antecedidos de uma preposição). Segue a sugestão:
A promoção é válida para qualquer filme, em qualquer dia e horário, nos três cinemas de rua.