DEU NA MÍDIA. GRAMATICAIS. Os jornais reproduziram uma declaração do presidente da Febraban, na qual ele empregou uma regência que, embora seja vista com alguma frequência em textos que se pretendem formais, contraria a tradição da língua. Vejamos o que ele disse:
“Prezamos pela importância da interlocução e do diálogo, pois precisamos buscar, iniciativa privada e poder público, a melhoria do ambiente de negócios para aumentar a produtividade e a competitividade do Brasil”, disse Sidney.
“Prezar” é um verbo transitivo direto, ou seja, não requer uma preposição antes de seu complemento. Em outras palavras, não dizemos que alguém “preza por alguma coisa”, mas, sim, que “preza alguma coisa”. “Prezar” é ter apreço por algo, respeitar (prezo a liberdade, prezo a sua sinceridade). A fórmula de polidez “prezado (a)” é o particípio passado desse verbo; “prezados ouvintes”, por exemplo, quer dizer “respeitados ouvintes” ou “queridos ouvintes”.
Assim, retomando a frase de Isaac Sidney, percebemos que o que ele, de fato, preza é a interlocução, não “a importância da interlocução”. A frase poderia ter sido formulada, por exemplo, das duas maneiras a seguir (compare-as):
Prezamos a interlocução e o diálogo, pois precisamos buscar, iniciativa privada e poder público, a melhoria do ambiente de negócios para aumentar a produtividade e a competitividade do Brasil”, disse Sidney.
Acreditamos na importância da interlocução e do diálogo, pois precisamos buscar, iniciativa privada e poder público, a melhoria do ambiente de negócios para aumentar a produtividade e a competitividade do Brasil”, disse Sidney.
Na elaboração improvisada de uma frase, nem sempre atentamos aos seus pormenores, e o interlocutor geralmente capta a ideia geral. Neste espaço, procuramos refletir sobre a língua de maneira mais detida, portanto os textos trazidos para cá o são por nos parecerem úteis a esse propósito.