SEMÂNTICA. Antes de entrar na questão semântica, vamos tratar da grafia dessa palavra. “Quórum”, com acento, é aportuguesamento do latim “quorum” (sem acento). As duas formas de escrever estão vigentes no português, mas a latina não admite o plural em “ns”. No fragmento abaixo, recolhido do noticiário, é o emprego do termo que nos motiva a reflexão. Vejamos por quê.
Por isso, não está marcado um comício de comemoração para o domingo. Ainda assim, lideranças políticas já estão com passagens reservadas para irem a São Paulo engrossar o quórum caso a vitória já seja anunciada neste domingo.
O quórum é a quantidade mínima obrigatória de membros para que uma assembleia possa tomar decisões válidas (Não houve quorum para eleger o síndico). Por extensão de sentido, é a “quantidade necessária de pessoas” (O show foi cancelado por falta de quorum). Dessa forma, ou existe quorum, ou não existe quorum.
Aumentar o quorum é o mesmo que aumentar o número “necessário” (O quorum para eleger o síndico aumentou de 15 para 20 moradores), mas, havendo um número inferior ao mínimo, não se diz que “o quorum estava baixo”. Diz-se, nesse caso, que não houve quorum. Em suma, o quorum não é o número de pessoas, mas sim o número mínimo de pessoas para fazer alguma coisa. Por esse motivo, também não se diz “quorum mínimo”, que é um pleonasmo.
No texto do jornalista, a intenção foi dizer que pretendiam aumentar o número de participantes de uma eventual festa, portanto “quorum” não era a palavra ideal. É possível que o autor do texto tenha buscado um termo ligado ao universo da política para dar um tom jocoso à situação de planejar uma festa de vitória eleitoral com base na crença nas pesquisas de intenção de voto. Mesmo assim, como esse termo é bastante específico, o resultado deixou a desejar.