Concordância do verbo “faltar”

GRAMATICAIS. Embora todos saibamos que, na língua portuguesa, o verbo concorda em pessoa e número com o seu sujeito, o que, vez ou outra, acontece é não percebermos qual é o sujeito do verbo ou mesmo imaginarmos que o verbo é impessoal quando não o é. Esse tipo de situação geralmente ocorre quando o sujeito aparece depois do verbo. Isso também tem explicação, pois a ordem dos termos mais usual em português é aquela em que o sujeito está no início do período, antes do verbo.   

Vejamos um exemplo:

“O que temos são escolas conteudistas ou alternativas. Falta no mercado escolas que reúnem essas duas características e sejam acessíveis ”, disse fulano*.

O trecho foi extraído de um texto jornalístico, no qual se reproduziu a fala de um entrevistado, cujo nome optamos por omitir*. O empresário do ramo educacional, ao explicar que nicho seu negócio enfoca, incorreu num erro de concordância muito comum no português.  

No trecho em questão, “escolas” é o sujeito de “faltar”. Alguma coisa falta, certo? Aquilo que falta é o sujeito de “faltar”. Falta uma escola que reúna certas características ou faltam escolas que reúnam tais características. Convém prestar atenção ao verbo “faltar”, pois ele sempre tem sujeito e frequentemente esse sujeito não está no início do período. É muito mais comum dizermos que “faltam escolas” do que dizermos que “escolas faltam”, não é? Essa inversão é comum também nos verbos sobrar, restar e existir, entre outros. Assim: sobraram vagas, restam poucos dias, existem livros ótimos etc. Vejamos a correção:

“O que temos são escolas conteudistas ou alternativas. Faltam no mercado escolas que reúnem essas duas características e sejam acessíveis ”, disse.

Publicado por Thais Nicoleti

Thaís Nicoleti é formada em português e linguística pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP e licenciada pela Faculdade de Educação da mesma universidade.

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